Uso de algemas em deportações de brasileiros é prática antiga nos EUA

Desde os anos 1980, o uso de algemas e correntes nos tornozelos em processos de deportação de brasileiros pelos Estados Unidos é um procedimento padrão. As imagens de detidos sendo escoltados dessa forma são comuns, especialmente em viagens aéreas, como medida de segurança tanto para os próprios deportados quanto para os agentes de imigração norte-americanos.

Essa prática remonta à década de 1980, quando o Brasil vivia uma grave crise econômica, marcada por hiperinflação e instabilidade. A situação levou milhares de brasileiros, especialmente de regiões como Governador Valadares (MG), a tentar a vida nos EUA. O fluxo migratório foi tão intenso que Governador Valadares ganhou o apelido de “Governador Valadólares” devido às remessas de dinheiro enviadas pelos imigrantes para suas famílias no Brasil.

Casos históricos

Um episódio marcante ocorreu em 16 de agosto de 1988, quando o jornal Folha de S.Paulo registrou brasileiros sendo levados algemados para o consulado do Brasil em Nova York. Na ocasião, os deportados foram autorizados a entrar no prédio sem algemas, mas, ao saírem para voltar ao ônibus, alguns fugiram, escapando do processo de deportação.

Desde então, o uso de algemas continuou como parte do procedimento de deportação. Ao longo dos governos norte-americanos, a prática se manteve inalterada, independentemente da administração no poder.

Atualidade

Nos 32 voos realizados durante o governo de Joe Biden (2023–2025), os brasileiros deportados chegaram ao país algemados, sem que o governo brasileiro fizesse objeções. No entanto, após a posse de Donald Trump em janeiro de 2025, críticas foram levantadas pelo governo Lula, especialmente pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que chamou o uso de algemas de "desrespeito aos direitos fundamentais".

Reflexão histórica

O histórico mostra que as medidas de segurança aplicadas pelos EUA em deportações de brasileiros vêm sendo adotadas há décadas, com pouca variação nos protocolos. No entanto, o debate sobre direitos humanos e o impacto diplomático dessas práticas continua ganhando destaque, especialmente em momentos de mudança política e administrativa nos dois países.

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