A semana começou com o mercado em clima de tensão. O dólar disparou e chegou perto dos R$ 5,93 nesta segunda-feira (7), por conta do medo de uma guerra comercial, depois que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um pacote pesado de tarifas de importação. A moeda americana subiu forte já na sexta-feira (4), com alta de 3,68%, fechando em R$ 5,8355 — foi a maior alta em um único dia desde novembro de 2022.
Por volta das 13h desta segunda, o dólar estava cotado a R$ 5,92, ainda em forte alta.
Enquanto isso, a bolsa brasileira também sentiu o baque. O Ibovespa caiu quase 3% na sexta e seguia em queda nesta segunda, recuando mais 1,62%, aos 125.195 pontos.
O que está rolando?
Tudo começou na quarta passada (2), quando Trump anunciou seu plano de “tarifas recíprocas” — com taxas de 10% a 50% sobre produtos de mais de 180 países. Na sexta, a China reagiu com tarifas semelhantes sobre produtos dos EUA. A tensão aumentou com a expectativa de que a União Europeia também anuncie medidas nos próximos dias. Ou seja, o clima de guerra comercial está no ar.
Esse tipo de disputa assusta o mercado porque pode derrubar o comércio mundial, deixar os produtos mais caros, aumentar a inflação e, no fim das contas, causar uma desaceleração econômica global.
Bolsas em queda no mundo todo
O nervosismo já tomou conta das bolsas mundo afora. A bolsa de Hong Kong despencou 13,22%, e o índice CSI 1000 da China caiu 11,39%. Na Europa, os índices caíam mais de 4% até o meio do dia. No Brasil, o Ibovespa já caiu 2,96% na sexta e segue em queda.
Dados do mercado
📉 Dólar
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Às 13h05 desta segunda (7): R$ 5,9274 (+1,57%)
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Na máxima do dia: R$ 5,9309
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Acumulado:
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+1,32% na semana passada
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+2,27% em abril
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-5,57% no ano
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📉 Ibovespa
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Às 13h05: 125.195 pontos (-1,62%)
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Acumulado:
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-3,52% na semana passada
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-2,31% no mês
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+5,80% no ano
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E as tarifas, o que são?
Desde que foi presidente, Trump sempre defendeu aumentar tarifas sobre importações — e agora está colocando isso em prática com força. Produtos da Ásia, Oriente Médio e Europa estão entre os mais afetados, com tarifas que chegam a 40%.
A China respondeu rápido: vai cobrar 34% extras sobre produtos americanos a partir de 10 de abril. Além disso, vai controlar a exportação de terras raras (como samário, disprósio e gadolínio), que são essenciais para a indústria de tecnologia.
Segundo o Ministério do Comércio chinês, a medida é para “proteger os interesses nacionais” e seguir normas internacionais.
E por que isso preocupa tanto?
O analista financeiro Vitor Miziara explica que, se vários países começarem a aplicar tarifas uns nos outros, tudo fica mais caro — desde o arroz até eletrônicos. Isso eleva a inflação e freia o consumo. Resultado: a economia desacelera ou até entra em recessão.
“Com tarifa no mundo inteiro, tudo fica mais caro até que o comércio global pare”, resumiu Miziara.