A Justiça da Bahia decidiu manter a prisão de Arnaldo Augusto Pereira, ex-auditor fiscal condenado por envolvimento no esquema de corrupção conhecido como “máfia do ISS”, que atuava na Prefeitura de São Paulo.
Ele foi preso na última quarta-feira (15) no município de Mucuri, no extremo sul da Bahia, após viver por meses com identidade falsa e forjar a própria morte para escapar da prisão.
Segundo informações do TJBA (Tribunal de Justiça da Bahia), durante audiência de custódia realizada na última sexta-feira (17), o juiz Renan Souza Moreira, da Vara Criminal de Mucuri, converteu a custódia temporária em prisão preventiva, atendendo ao pedido do Ministério Público estadual.
De acordo com o documento obtido pela CNN, a decisão foi fundamentada nos artigos 312 e 313, inciso I, do Código de Processo Penal, com o argumento de que a liberdade do investigado representa risco à ordem pública e comprometeria a aplicação da lei penal.
Documentos falsos
Ainda de acordo com a decisão, no momento da prisão, Arnaldo portava uma carteira de identidade e um cartão bancário em nome de "Anderson Sales Porto", documentos que a autoridade policial identificou como adulterados. “Apesar de o Delegado de Polícia ter optado por não lavrar o APF (Auto de Prisão em Flagrante) pelo crime de uso de documento falso, instaurando inquérito por Portaria, a prisão do custodiado se deu em razão do mandado pré-existente e da situação fática de ter sido o suspeito encontrando com documentos, supostamente, falsificados”, explicou o juiz no documento.
Segundo o MPBA (Ministério Público do Estado da Bahia), o ex-fiscal tentava se manter foragido usando identidade falsa, o que evidenciaria risco de fuga. “A prisão decorreu de trabalho de inteligência e investigação que identificou indícios de que Pereira estava vivendo no município de Mucuri sob identidade possivelmente falsa, após ter forjado a própria morte para tentar escapar ao cumprimento de pena”, informou MPBA em comunicado à imprensa.
“Morte” registrada em cartório
Condenado a mais de 18 anos de prisão por sua atuação no esquema da “máfia do ISS”, Arnaldo já havia sido alvo de operações anteriores do MPSP (Ministério Público de São Paulo). Investigações apontam que ele teria participado de um esquema que movimentou mais de R$ 500 milhões em propinas.
Em julho de 2025, uma certidão de óbito foi registrada em seu nome, com o objetivo de simular sua morte e impedir que a Justiça o localizasse, segundo o MPBA. A fraude foi descoberta em uma apuração conjunta entre o Gedec (Grupo Especial de Delitos Econômicos) do MPSP, o Gaeco-Sul da Bahia, e a Polícia Militar da Bahia, por meio da Rondesp Extremo Sul.
Após o rastreamento de movimentações financeiras e uso de documentos suspeitos, as equipes localizaram Arnaldo vivendo discretamente em Mucuri sob identidade falsa.
A reportagem tenta localizar a defesa de Arnaldo Augusto Pereira.