Análise: PL Antifacção expõe divórcio com Centrão

O texto-base do Projeto de Lei Antifacção foi aprovado na Câmara dos Deputados com 370 votos favoráveis e 110 contrários, expondo uma significativa derrota para o governo. O projeto, que originalmente nasceu como uma iniciativa governamental, sofreu diversas modificações durante sua tramitação, afastando-se consideravelmente da proposta inicial. A análise é da jornalista Clarissa Oliveira, ao Live CNN.

Nas mãos de Guilherme Derrite, o PL ganhou contornos diferentes dos pretendidos pelo governo, incluindo a criação de uma legislação específica para organizações criminosas violentas, aspecto que gerou preocupações sobre possíveis conflitos com leis já existentes que tratam de organizações criminosas em geral.

 

 

Fragilidade na articulação política

"Essa derrota é uma evidência clara do divórcio com o centrão, é um reflexo de que o centro está puxando muito a corda na direção contrária ao governo federal, se alinhando à oposição em vários debates e um deles é esse tema da segurança pública", explica Clarissa, acrescentando: "No Palácio do Planalto, tem o entendimento de que houve um desgaste brutal na articulação política, especificamente na Câmara dos Deputados".

O clima de tensão se intensificou após críticas direcionadas ao líder da bancada, Lindbergh Farias, com recados vindos do comando da Câmara indicando um forte estremecimento nas relações. "Tem muitas queixas a respeito do tom e da forma como ele atacou a articulação liderada por Hugo Motta para tentar chegar a um consenso nessa votação", aponta a jornalista.

Apesar do impacto significativo da derrota, fontes do Palácio do Planalto já previam esse resultado, tendo sido alertados sobre o ambiente desfavorável nos dias que antecederam a votação. O governo agora busca estratégias para superar o desgaste político gerado pela tramitação do PL Antifacção e recompor suas bases de apoio no Congresso.

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