(Por J.R. Guzzo, publicado em O Estado de S. Paulo, 22 de dezembro de 2024)
No passado, quem se perdia nos devaneios do “mundo da lua” fazia isso sem causar danos. Hoje, porém, temos líderes que embarcam em fantasias com consequências graves para o país. O Brasil, cada vez mais, parece governado por quem confunde a realidade com seus próprios delírios.
O presidente Lula, ao sair do hospital, afirmou que “ninguém neste país tem mais responsabilidade fiscal do que eu”. Uma declaração que soa como se ele tivesse reivindicado a invenção do ovo frito. Enquanto isso, as contas públicas estão à beira do colapso.
Realidade das finanças públicas
Os chamados “cortes de gastos” do governo não passam de aumentos disfarçados de impostos. O déficit fiscal já dura 17 meses seguidos, e as estatais operam no vermelho. Os Correios, por exemplo, declararam insolvência. Em termos de irresponsabilidade fiscal, só a ex-presidente Dilma chega perto dessa gestão.
Ao longo de seu mandato, Lula desqualificou qualquer tentativa de equilíbrio fiscal, alegando que isso beneficia apenas os ricos. “Gasto é vida”, afirmou em várias ocasiões. No entanto, sua política de não cortar despesas e priorizar o aumento de gastos resultou em inflação alta (7% ao ano), dólar disparando (de R$ 4,90 para R$ 6,30), e um aumento descontrolado no endividamento público.
O "investimento invisível"
Apesar de uma arrecadação recorde de R$ 3,5 trilhões, o brasileiro médio não vê esse dinheiro em forma de serviços ou alívio no bolso. O discurso de que “investimento não é gasto” é repetido como mantra, mas na prática, os recursos parecem ser direcionados a emendas parlamentares, aumentos salariais do Judiciário e outras despesas duvidosas.
E os juros?
Lula insiste que o “único problema da economia” são os juros altos. Porém, especialistas argumentam que eles são o que impede uma escalada ainda maior da inflação. Com as taxas se aproximando dos 15%, até mesmo o novo presidente do Banco Central — indicado por Lula — tem defendido medidas conservadoras para conter o descontrole econômico.
A pergunta que fica
Se o governo arrecada tanto, por que o brasileiro continua sentindo o peso no bolso e não vê melhorias concretas? As promessas de cuidar dos mais pobres e investir no futuro parecem cada vez mais distantes de uma realidade sustentável. Enquanto isso, as contas públicas seguem à porta da Vara de Falências, e o futuro do país fica cada vez mais incerto.