A COP30 começou nesta segunda-feira (10) com um raro sinal de unidade entre as quase 200 delegações que participam da conferência do clima da ONU.
Logo no primeiro dia, os países chegaram a um consenso sobre a agenda oficial de negociações, um feito incomum em relação a edições anteriores, em que esse processo costumava se estender por vários dias. A decisão foi celebrada pela CEO da COP30, Ana Toni.
"Nas últimas quatro COPs, não fomos capazes de abrir a agenda no primeiro dia. Então, isso é uma grande notícia para nós, porque fomos capazes, neste presente momento geopolítico, de abrir a agenda", disse Toni em coletiva de imprensa.
São 145 tópicos da agenda, sendo 20 considerados os mais "substantivos" pela presidência brasileira.
O presidente da conferência e embaixador brasileiro André Corrêa do Lago também comemorou o resultado. Segundo ele, a aprovação rápida da agenda “permitirá que o trabalho intenso comece de imediato”, garantindo mais tempo para avançar nos debates.
A definição da pauta foi confirmada ainda na noite de domingo (9), após mais de seis horas de reuniões e consultas entre representantes dos países. O gesto foi interpretado como um indicativo de disposição política para cooperação.
Com a agenda aprovada, a conferência avança agora para discussões sobre os pontos centrais das negociações: o financiamento climático — com foco em como os países ricos vão apoiar nações em desenvolvimento —, a transição para energias limpas e as políticas de adaptação frente a eventos extremos.
O governo brasileiro espera usar o evento em Belém para reforçar o papel do país como articulador de consensos e vitrine da proteção da Amazônia.
A expectativa é que, até o encerramento da conferência, em 21 de novembro, haja anúncios de novos aportes financeiros nos fundos ambientais e avanços no desenho de mecanismos de implementação das metas climáticas.
A largada com consenso foi vista pela presidência da COP30 como um “sinal de maturidade” do processo de negociação multilateral. Agora, a atenção se volta para os próximos dias, que devem definir se o espírito de cooperação inicial se manterá diante das decisões mais complexas.