O ex-embaixador Rubens Barbosa afirmou que a escolha do secretário de Estado, Marco Rubio, para liderar as negociações entre Brasil e Estados Unidos tende a dificultar o diálogo entre os dois países. A declaração ocorreu no programa UOL News, do portal Uol.
Segundo Barbosa, Rubio tem perfil ideológico e defende sanções duras a governos de esquerda, o que pode tornar as conversas mais tensas e menos flexíveis. O Brasil, por outro lado, tenta negociar a redução de tarifas sobre carne e café.
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“A preocupação é que, em vez de designar o secretário do Tesouro ou o secretário de Comércio, ele designou o chefe do Departamento de Estado, Marco Rubio, que é o mais ideológico de todos eles”, explicou Barbosa. “Isso aí chama atenção. Normalmente, ele devia ter designado o secretário de Comércio para continuar essas conversações.”
O ex-embaixador afirmou ainda que a decisão pode estar relacionada à base jurídica das tarifas, vinculada à Lei de Emergência Econômica Americana, administrada pelo Departamento de Estado. “Talvez seja essa a tecnicidade da designação do Marco Rubio”, afirmou.
Por que Marco Rubio ‘complica’ as coisas
Para Barbosa, a escolha de Rubio “complica” as negociações brasileiras. “Porque todas essas sanções que foram colocadas aqui saíram do Departamento de Estado”, continua. “Vamos ver agora, depois dessa conversa, como é que o Departamento de Estado vai reagir.”
Ele alega, porém, que houve “forçação” política para aplicar sanções ao Brasil. “A informação que eu tenho em relação a essas sanções é de que o Departamento do Tesouro não queria colocar essas sanções e foi o Departamento de Estado que forçou”, disse. “O Departamento de Estado forçou a mão.”
“Agora eu acho claro que eles vão receber instruções do presidente Donald Trump”, completou. “A mais importante para nós, do ponto de vista comercial, é a redução dessas tarifas, de 40% adicional para zero, para um número muito mais baixo. A ideia é que desapareça esse 40% ou diminua ainda mais. Essa que é a negociação que o governo brasileiro deve estar fazendo.”