Frigoríficos cortam carne pro Carrefour: entenda o rolo

Alguns frigoríficos pararam de mandar carne pro Carrefour como resposta ao boicote anunciado, na quarta (20), pelo chefão global da rede, Alexandre Bompard. Ele decidiu parar de comprar carne dos países do Mercosul.

A JBS, uma das maiores no ramo, foi a primeira a reagir, na quinta (21), cortando o fornecimento de carne pra rede de supermercados. A Friboi, que é da JBS, é responsável por quase 80% das carnes vendidas por eles. No dia seguinte, a Masterboi também suspendeu o envio de 250 toneladas de carne.

Apesar do barulho, o Carrefour Brasil garante que não tem falta de carne nas lojas até agora. “É mentira dizer que tá faltando carne nas nossas unidades. As vendas continuam normalmente, e não tem nenhuma loja desabastecida”, disse a assessoria.

O Carrefour lamentou a decisão dos frigoríficos e falou sobre o impacto disso nos consumidores. “Essa suspensão prejudica nossos clientes, principalmente os que confiam na gente pra levar produtos de qualidade pra casa”, afirmou em nota. Eles também disseram que estão buscando uma solução rápida pra resolver isso.

Carne fresca pode acabar rápido

Especialistas disseram pra nossa redação que carnes in natura, aquelas vendidas nos açougues, têm giro rápido e não ficam muito tempo nas prateleiras. “Logo vai ficar evidente a falta. A reposição é feita todo dia”, explicou Ana Paula Tozzi, da AGR Consultores. Ela acha que, em breve, algumas lojas do Carrefour vão começar a sentir o impacto.

Por que rolou esse boicote?

Tudo começou com o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que decidiu apoiar os agricultores franceses contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Ele alegou que os produtores do Mercosul têm vantagens injustas, principalmente por questões ambientais. Apesar de o Carrefour Brasil tentar se distanciar, o francês é dono de mais de 60% da operação.

Depois do anúncio, várias entidades e políticos brasileiros, como o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, reagiram com força. Eles até pediram que os frigoríficos agissem, o que levou à suspensão da carne.

Carta de repúdio contra o Carrefour

No sábado (23), 44 entidades do setor produtivo publicaram uma carta aberta contra o CEO do Carrefour. Elas chamaram a decisão de “infundada e incoerente” e disseram que isso vai contra os princípios do livre mercado e da cooperação internacional.

A carta também destacou o Brasil como referência na produção de proteína animal e lembrou que a pecuária brasileira aumentou sua produtividade em 172% nos últimos 30 anos, enquanto diminuiu a área de pastagem em 16%. Além disso, reforçaram que a legislação ambiental do Brasil é uma das mais rígidas do mundo.

Pra fechar, as associações alertaram que excluir o Mercosul do mercado francês pode aumentar preços e até as emissões de carbono por causa de transportes menos eficientes. “Se a carne brasileira não serve pra França, como é que ela seria boa pra outros mercados?”, questionaram.

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