Entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025, o Aeroporto de Confins (MG) recebeu 32 voos fretados pelos Estados Unidos com 3.660 brasileiros deportados. Durante o período, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não havia levantado críticas sobre os procedimentos adotados, que incluíam o uso de algemas e correntes nos deportados.
No entanto, após a posse de Donald Trump em 20 de janeiro de 2025, o governo brasileiro começou a questionar o uso de algemas. O episódio mais recente ocorreu no sábado, 25 de janeiro, quando um voo com deportados, inicialmente programado para Confins, aterrissou em Manaus devido a problemas técnicos. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ordenou a remoção imediata das algemas, chamando a prática de "desrespeito aos direitos fundamentais".
Procedimentos de deportação nos EUA
Segundo a emissora NBC News, o uso de algemas é um procedimento padrão nos voos de deportação, independentemente do governo norte-americano. As autoridades justificam a prática como uma medida de segurança. Imigrantes deportados, em geral, passam por detenção por alguma infração antes de serem enviados de volta aos seus países.
- Durante o governo Biden (2021–2024), 7.168 brasileiros foram deportados, mais do que em qualquer outra administração recente.
- O governo Trump (2017–2021) deportou menos brasileiros proporcionalmente (0,7% do total de deportados) em comparação com Biden (1,3%).
A reação do governo Lula
A mudança de postura do governo brasileiro em relação às práticas de deportação dos EUA marca um contraste com a gestão anterior, quando 32 voos foram recebidos sem qualquer contestação pública sobre o uso de algemas. Além disso, o governo determinou que os deportados fossem transferidos para Confins em um avião da FAB, sinalizando uma tentativa de suavizar a recepção.
A questão reacendeu debates sobre direitos humanos e a relação diplomática entre os dois países, agora sob a nova liderança de Trump.