Hamas exige libertação de líder palestino preso por Israel em acordo

Entre os políticos, poucos conquistaram tanto respeito entre os palestinos quanto Marwan Barghouti, o mais proeminente prisioneiro palestino que cumpre cinco penas de prisão perpétua em uma prisão israelense.

O ex-líder do partido Fatah na Cisjordânia é, de longe, a figura política mais popular nos territórios palestinos ocupados, mesmo que uma geração inteira de palestinos tenha nascido após sua prisão, há mais de duas décadas.

Alguns o descrevem como o Nelson Mandela palestino, um líder há muito tempo encarcerado que acreditam poder conduzi-los à liberdade.

Para Israel, ele é um dos terroristas mais notórios. Aos 66 anos, foi preso em 2002 por planejar ataques que mataram cinco civis durante a Segunda Intifada Palestina, ou levante. Na época, ele negou as acusações e rejeitou a jurisdição e legitimidade do tribunal que o condenou.

O Hamas agora exige a libertação de Barghouti como parte de um possível acordo de cessar-fogo em Gaza — uma medida que poderia remodelar o cenário político palestino.

Dado seu destaque entre os palestinos e sua capacidade percebida de conduzi-los rumo à independência, é altamente improvável que Israel concorde com a libertação.

As facções palestinas tentaram garantir a soltura em diferentes ocasiões, inclusive em negociações anteriores de cessar-fogo durante a guerra atual. Mas Israel se recusou a considerar a libertação de Barghouti.

O filho do político, Arab Barghouti, disse à Becky Anderson da CNN em agosto que Israel não queria libertar seu pai porque Netanyahu “não quer um parceiro para a paz”.

Ex-líder do partido Fatah mantém popularidade

Tendo sido imensamente popular quando foi preso há mais de duas décadas, Barghouti ainda é visto por muitos como um líder — talvez o único — capaz de unir os palestinos.

A AP (Autoridade Palestina), baseada na Cisjordânia, é atormentada pela corrupção e severas restrições israelenses que a deixaram fraca e sob grave tensão financeira.

É também por isso que Israel provavelmente irá se opor fortemente à libertação. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem sido inflexível em rejeitar a ideia de um Estado palestino independente, e suas políticas ao longo dos anos frequentemente trabalharam para enfraquecer a AP, que aspira governar um futuro Estado da Palestina.

Barghouti é muito mais popular que o presidente da AP, Mahmoud Abbas, que se mantém no poder há mais de 20 anos e é visto por críticos como alguém que carece de legitimidade democrática.

A carreira de Barghouti como ativista começou quando adolescente. Ele passou quatro anos na prisão por se juntar ao Fatah — então proibido por Israel — aos 15 anos, e após sua libertação foi estudar história e ciência política.

Com o tempo se tornou secretário-geral do partido na Cisjordânia ocupada e membro do Conselho Legislativo Palestino, o parlamento da Autoridade Palestina.

Sua popularidade e influência atuais se devem, em parte, à sua reputação como um político carismático capaz e disposto a trabalhar com várias facções palestinas.

Por anos, foi impedido por Israel de entrar na cidade de Ramallah, onde cresceu, e só pôde retornar em 1994, após os Acordos de Oslo, um conjunto de pactos de paz entre Israel e os palestinos.

Mas seu tempo na prisão apenas aumentou sua popularidade. Israel essencialmente isolou Barghouti do mundo exterior, com suas fotos e vídeos surgindo apenas a cada poucos anos.

Ele tem sido mantido em confinamento solitário desde o início da atual guerra em Gaza, segundo sua família e a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos.

A última vez em que foi visto em público foi em um breve vídeo divulgado pelo ministro da Segurança de extrema-direita de Israel, Itamar Ben Gvir, que foi filmado provocando Barghouti na prisão.

Sua aparência — Barghouti parecia frágil e debilitado — causou preocupação. Sua esposa, Fadwa, disse na época que não o reconheceu inicialmente e declarou, dirigindo-se a ele, que “talvez parte de mim não queira reconhecer tudo o que seu rosto e corpo expressam.”

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