Ex-técnico do Liverpool critica calendário sobrecarregado e alerta para riscos físicos e mentais aos jogadores
O ex-treinador do Liverpool, Jürgen Klopp, classificou o novo formato do Mundial de Clubes da FIFA como “a pior ideia já implementada no futebol”. Em entrevista ao jornal Welt, da Alemanha, ele criticou duramente o impacto da competição no calendário internacional e alertou para o esgotamento físico e mental dos jogadores.
“Ano passado tivemos a Copa América e a Eurocopa, este ano o Mundial de Clubes e no ano que vem a Copa do Mundo. Isso significa que não há recuperação real para os jogadores que estão lá — nem física, nem mentalmente”, disse Klopp.
Atualmente ocupando o cargo de chefe global de futebol da Red Bull, Klopp voltou a atacar o calendário inflado do futebol mundial, um tema que o acompanhou ao longo de sua trajetória como técnico.
“O Mundial de Clubes é a pior ideia nesse sentido. Pessoas que nunca tiveram nada a ver com o futebol do dia a dia, ou que não têm mais, inventam essas coisas”, afirmou.
Segundo ele, o modelo atual prejudica o bem-estar dos atletas e compromete a qualidade do jogo.
“Um jogador da NBA tem quatro meses de folga todo ano. Foi isso o que Virgil van Dijk teve em toda a sua carreira”, comparou Klopp, referindo-se ao zagueiro do Liverpool.
Competição sob críticas
O Mundial de Clubes 2025 está sendo disputado nos Estados Unidos, com início em 14 de junho e término previsto para 13 de julho — menos de um mês após o fim da temporada europeia e quatro semanas antes do início da nova.
A competição, que agora ocorre a cada quatro anos e conta com 32 clubes de todos os continentes, tem representantes como Manchester City e Chelsea. O torneio é visto pela FIFA como uma tentativa de criar um equivalente global à Liga dos Campeões.
Antes do torneio, a FIFPro, entidade global dos jogadores, recomendou uma pausa obrigatória de quatro semanas para proteger a saúde dos atletas — algo que não foi acatado.
Análise: crítica justa ou exagerada?
O comentário de Klopp repercutiu internacionalmente e gerou reações diversas. Em análise para a Sky Sports News, o jornalista Kaveh Solhekol reconheceu que o técnico alemão tem um ponto válido, mas argumentou que a competição foi pensada para beneficiar clubes de fora da Europa Ocidental.
“Se não fosse o Mundial de Clubes, esses grandes clubes estariam fazendo grandes turnês de pré-temporada. O futebol virou um esporte de 365 dias por ano”, comentou.
Solhekol também destacou que clubes como o Manchester City viajaram com elencos de até 35 jogadores, o que permite rodízio e adaptação de novas contratações.
“No final das contas, quem vencer pode embolsar cerca de £100 milhões. É um grande negócio na era do fair play financeiro”, afirmou.
Klopp vs. sistema
Klopp encerrou sua trajetória no Liverpool ao fim da última temporada e segue influente no debate sobre o futuro do futebol. A crítica ao Mundial se soma a sua oposição à Superliga Europeia e ao uso excessivo do VAR.
Para o treinador, o futebol está sendo moldado cada vez mais por interesses comerciais e menos pelo que acontece em campo:
“Tudo se resume ao jogo. Mas quando o jogo é ignorado, todos perdem.”