O Comitê do Nobel da Paz abriu uma investigação sobre um possível vazamento do nome da vencedora deste ano, após o nome de María Corina Machado disparar em uma plataforma de apostas horas antes do anúncio oficial, nesta sexta-feira (10). As informações são da agência Bloomberg.
Machado é líder da oposição venezuelana e, desde 2024, vive escondida para fugir da repressão do regime de Nicolás Maduro. Segundo o Comitê Norueguês, ela foi escolhida para o Nobel da Paz por representar “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.
Já era de conhecimento público que a venezuelana havia sido indicada ao prêmio por autoridades internacionais. No entanto, na quarta-feira (8), o nome dela aparecia fora da lista de favoritos nas principais casas de apostas do mundo.
Na Polymarket, por exemplo, Machado tinha apenas 1% de chances de ganhar o prêmio. Por volta das 18h de quinta-feira (9) — cerca de 12 horas antes do anúncio —, o nome dela disparou na plataforma e chegou a ultrapassar 70% das apostas.
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Gráfico mostra interesse repentino em María Corina Machado para o Nobel da Paz — Foto: Polymarket/Reprodução
Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto Nobel Norueguês, disse à Bloomberg que o comitê leva a escolha do prêmio “muito a sério” e que decidiu abrir uma investigação para apurar o movimento.
“Parece que fomos vítimas de um criminoso que quer lucrar com nossas informações”, afirmou à agência norte-americana.
O g1 também entrou em contato com o Comitê do Nobel da Paz e aguarda retorno.
A Bloomberg reportou ainda que apenas um usuário apostou US$ 70 mil (R$ 384,6 mil) na vitória de María Corina Machado pouco antes do anúncio. O mesmo usuário havia criado a conta há poucos dias e nunca tinha feito apostas no site. Ele teria lucrado cerca de US$ 30 mil (R$ 164,9 mil).
Nas redes sociais, a Polymarket ironizou o caso. Ao comentar a investigação, a conta oficial da empresa no X publicou apenas: “whoops”.
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María Corina Machado leva Nobel da Paz — Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro. Engenheira de formação, com estudos em finanças, ela iniciou a carreira no setor privado antes de se dedicar à política e à defesa dos direitos civis.
Em 1992, fundou a Fundação Atenea, voltada ao acolhimento e educação de crianças em situação de rua em Caracas. Dez anos depois, ajudou a criar a Súmate, organização dedicada à promoção de eleições livres e transparentes, conhecida por treinar observadores eleitorais e fiscalizar votações no país.
Em 2010, foi eleita deputada da Assembleia Nacional com recorde de votos, mas expulsa do cargo em 2014 pelo governo chavista. Desde então, lidera o partido Vente Venezuela e foi uma das fundadoras da aliança Soy Venezuela, que reúne forças pró-democracia de diferentes correntes políticas.
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