União de Cientistas e Setor Agro Contra a Venda de Fazenda em Campinas

A possível venda de uma fazenda de 70 mil metros quadrados em Campinas, interior de São Paulo, pelo Governo do Estado, causou uma mobilização que uniu cientistas, pessoal do agronegócio e outros setores. A propriedade abriga um importante banco de espécies de café.

**Entenda o Caso** O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) começou suas pesquisas na Fazenda Santa Elisa há mais de 50 anos. Esse lugar abriga um centro que desenvolveu 90% dos tipos de café cultivados no Brasil.

O setor agro considera que é "fundamental" manter as pesquisas ali. Em comunicado, a Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) demonstrou preocupação, dizendo que a fazenda teve um "papel central" na história econômica do café no Brasil.

Produtores temem que o fim das pesquisas afete a "sustentabilidade e competitividade" da cafeicultura. Para a Faesp, transferir as espécies de café para outro local seria caro e demorado, o que prejudicaria o andamento dos estudos científicos.

A Secretaria de Agricultura confirmou que está analisando a possibilidade de venda. Em nota, informou que qualquer decisão será tomada pensando em preservar as pesquisas.

O governador Tarcísio de Freitas comentou que locais importantes para pesquisa devem ser mantidos, mas que o "resto, vamos vender". Isso causou preocupação em cientistas e outros setores.

**Cientistas Rebatem** A presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Helena Lutgens, nega que a área esteja improdutiva, ressaltando seu potencial de pesquisa. Ela também aponta a falta de investimento e a redução de recursos para o setor nos últimos 30 anos.

A fazenda preserva espécies que já não existem em seus locais de origem, incluindo variedades de café vindas da Etiópia, região que hoje proíbe a exportação dessas plantas. Por isso, representantes do agro temem que a venda seja um grande prejuízo.

**Movimentação Política** A possível venda virou assunto político. O vereador Gustavo Petta (PCdoB) vai discutir o tema com o prefeito de Campinas, enquanto o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania) pretende levar a questão ao governador. Também estão previstos um abaixo-assinado e manifestações até o fim de novembro.

A Faesp enviou um ofício ao governador, expressando preocupação com a venda. Cientistas acreditam que ainda dá tempo de sensibilizar as autoridades para a importância da fazenda, mas a postura privatista de Tarcísio preocupa.

A Secretaria de Agricultura diz que qualquer venda será decidida em conjunto com diretores e coordenadores estaduais e que áreas com pesquisas ativas não serão vendidas. O setor de café, um símbolo cultural e econômico do Brasil, teme perder um patrimônio importante se a venda for adiante.

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