O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na última quarta-feira (27) um pacote para controlar as contas públicas, com a expectativa de economizar mais de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Além de cortar gastos, o governo enviou ao Congresso uma das promessas de campanha do presidente Lula: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Mas a novidade pegou mal no mercado: o dólar subiu e passou dos R$ 6 pela primeira vez na história. Além disso, o real foi a moeda que mais perdeu valor naquela semana. Agora, vamos resumir em cinco pontos os motivos que deixaram os investidores insatisfeitos.
1. Comunicação bagunçada
O jeito que o anúncio foi feito já causou atrito. A apresentação às 20h30 de uma quarta-feira parecia mais propaganda política do que uma explicação clara das medidas.
Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central, criticou o discurso: “Em vez de mostrar que era um ajuste necessário, o governo deixou a impressão de uma salada de medidas confusas”. Para piorar, faltaram detalhes, o que alimentou as dúvidas do mercado, mesmo depois da coletiva de imprensa no dia seguinte.
2. Isenção do Imposto de Renda: hora errada?
A proposta de isentar quem ganha até R$ 5 mil dividiu opiniões. Por um lado, tem gente que acha a ideia justa. Por outro, muitos dizem que o governo escolheu um péssimo momento, porque abrir mão de receita enquanto tenta cortar gastos soa contraditório.
O custo da medida é pesado: pode variar de R$ 40 bilhões a R$ 100 bilhões por ano, dependendo das correções na tabela do IR. Isso só aumentou as preocupações sobre o compromisso do governo com as contas públicas.
3. Medidas tímidas e estimativas exageradas
O pacote trouxe algumas propostas alinhadas com o mercado, como limitar o aumento do salário mínimo e ajustar as emendas parlamentares. Mas, segundo analistas, o impacto esperado de R$ 71,9 bilhões é superestimado.
O BTG Pactual, por exemplo, estima que a economia real será R$ 26 bilhões menor. Economistas também apontam que o governo tende a inflar os números para parecer mais eficiente do que realmente é.
4. Sustentabilidade da dívida: e o futuro?
Embora o pacote dê um alívio no curto prazo, especialistas acham que ele não resolve o problema maior: o crescimento da dívida pública. Sem mudanças estruturais, o governo pode terminar o mandato com uma dívida de 86% do PIB, bem acima dos 72% deixados pelo governo anterior.
5. Cenário político complicado
Além dos problemas técnicos, o pacote enfrenta resistências no Congresso, onde o governo tem pouco tempo para aprovar as medidas antes do recesso parlamentar. Com ajustes que mexem em programas sociais, o embate promete ser grande, e há o risco de o pacote sair ainda mais enfraquecido.
Conclusão
O pacote fiscal tenta equilibrar as contas, mas a execução tropeça em problemas de comunicação, decisões polêmicas e resistências políticas. Apesar de alguns acertos, as medidas parecem insuficientes para resolver os desafios fiscais de longo prazo.
fonte: CNN Brasil!